sábado, 28 de fevereiro de 2015

Marvel's Agent Carter (1ª Temporada) | CRÍTICA


Se a Marvel está em alta com seu Universo Cinematográfico mais do que bem estabelecido (e cada vez mais se expandindo), o seu braço na televisão continua engatinhando em busca de seu sucesso, tentando não ficar na sombra dos filmes.

Direto das histórias do Capitão América, a Agente Peggy Carter (Hayley Atwell) tem a chance de brilhar em uma série própria e consegue se sair ligeiramente melhor que Agents of S.H.I.E.L.D., mas continua insistindo nos erros da primeira série do estúdio.



Escrita por Christopher Markus e Stephen McFreely, dupla que já havia trabalhado nos dois títulos de Capitão América, acompanhamos Peggy numa Nova York de 1946 com o mercado de trabalho voltando a ser preenchido por homens, a maioria deles veteranos da Segunda Guerra. Consequentemente, a série trata de mostrar ambientes completamente machistas e até seus colegas da RCE fazem de tudo para se sobrepor à agente que visivelmente sente falta dos explosivos combates contra a HYDRA e, claro, de Steve Rogers (Chris Evans).

Como em todo o clima de Guerra Fria, não faltam os embates entre americanos contra soviéticos, assim como as insanas perseguições aos conterrâneos que "estejam" compactuando com os socialistas. Um certo milionário mulherengo e desenvolvedor de várias tecnologias, sim, Howard Stark (Dominic Cooper), é acusado pelo governo americano de negociar armas com o inimigo, apresentando provas confusas e que fazem Stark bater em retirada, sem antes de confiar a Peggy uma missão com o intuito de livrá-lo das acusações e também revelar um novo inimigo: a organização Leviatã.



Sem poder contar com os colegas do trabalho, a Agente Carter recebe a ajuda pontual do mordomo de Stark, Edwin Jarvis (James D'Arcy), que por sinal é um dos melhores acréscimos à série. D'Arcy e Atwell formam uma dupla divertida, mesmo o roteiro insistindo que a personagem consegue passar pelos perigos sozinha e o mordomo apareça comedido até demais. Pelo menos, não faltam lutas, tiroteios, explosões e tecnologias malucas/obsoletas quando Carter e Jarvis estão em ação.

Em sua vida normal, Peggy tem a amizade da descontraída e positiva Angie (Lyndsy Fonseca), uma garçonete aspirante a atriz da Broadway que, embora não apareça sempre, consegue trazer um respiro alegre entre as tantas situações onde a opressão masculina fica mais do que exposta pelos agentes unidimensionais da RCE. Até o mais (aparentemente) sensível deles, Sousa (Enver Gjokaj), é mal aproveitado e seus sentimentos dão lugar a uma desconfiança rasa pela agente, ainda mais quando ele não pensa duas vezes em desmascarar a colega quando estava disfarçada num bar atrás de um perigoso elemento.



Com uma produção caprichada, os oito episódios são repletos de sets, locações e objetos de cena recorrentes à época, sendo divertido observar como os heróis da trama precisam lidar com as limitações tecnológicas, uma vez que ficamos bastante acostumados com todas as traquitanas hi-tech que o Stark (filho) e a S.H.I.E.L.D. (e inimigos) esbanjaram nos filmes e até na série. E ainda tem a participação de Dum Dum Dugan pra ajudar Peggy e os demais agentes numa perigosa missão no Leste Europeu, revelando uma possível origem da Viúva Negra (Scarlett Johansson) dos filmes.

Agent Carter tem coisas legais, como o batom-sonífero e uma micro-câmera fotográfica, além de não ficar atirando no espectador qualquer referência fraca aos Vingadores a todo instante, como em Agents of S.H.I.E.L.D.mas a trama que tenta ser séria e complexa fica confusa, devendo coisas demais. Senti falta de um resgate às narrativas comuns na época, seja com o pulp ou com o noir, desvencilhando-se da estrutura de roteiro mais do que batida, ainda mais com o mercado de séries apresentando histórias com linguagens cada vez mais sofisticadas e interessantes. Faltou também vilões melhores, e não um doutor que usa "poderes" psíquicos cafonas ou uma loura russa que vive trocando de identidade e apelando pras artes marciais.



Pelo menos quem salva o dia aqui é uma mulher bastante determinada, infelizmente reduzida, que pode fazer muito mais numa segunda temporada.





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